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Um tinto aristocrático

Joao Paulo Martins

“A quinta da Bacalhôa, em Azeitão, é um bonito exemplar da arquitectura renascentista. De história longa e rica, conheceu vários proprietários e esteve desde os anos 30 do século passado na posse de uma família americana onde se destacou Orlena Scoville, que se apaixonou pelo local e pela casa que recuperou. Actualmente pertence à Fundação Berardo. Todo o edifício está recheado com inúmeras obras de arte, o que embeleza ainda mais o vetusto edifício. Foi ali, em terras onde desde sempre dominou o Castelão que, em 1979, António Francisco Avillez, então dono da J. P. Vinhos, desafiou o enólogo australiano Peter Bright para fazer um vinho de perfil bordalês. Nasceu assim o tinto Quinta da Bacalhôa, assente em Cabernet Sauvignon e um pouco de Merlot, um lote característico de Bordéus. Foi também um dos primeiros vinhos a ser estagiado em meias pipas de carvalho francês. Desde a primeira edição que este tinto tem mostrado uma surpreendente consistência de qualidade, dando boa prova mesmo com 20 e mais anos de idade. O clima ameno, os solos e a boa viticultura ajudam a explicar o sucesso. Foi a partir do nascimento desta marca que a zona de Setúbal se rendeu às castas de fora da região, fossem elas nacionais ou estrangeiras. Posteriormente surgiu a marca Palácio da Bacalhôa, aqui com maior percentagem de Merlot. A fama atravessou fronteiras e é ainda hoje um rótulo de referência, nomeadamente no Brasil. São já 37 as colheitas deste tinto emblemático.”